segunda-feira, 6 de setembro de 2010
O melhor sonho. Capítulo 2. parte 4
Meu domingo foi um tédio total, fui dormi às quatro e quinze da manhã e nem vi a hora que as meninas chegaram. Acordei quase cinco da tarde, sem vontade de almoçar. Ana Juli e Paula não saíram do quarto, porque estavam de ressaca - um pouco óbvio - e a Flora passou o resto do dia no meu quarto. Ficamos vendo a maratona de Gossip Girl que estava passando na Warner e comendo besteiras.
Ok, preciso adimitir que domingos sempre - quando eu digo sempre É sempre - são tediosos. Não passa quase nada de bom na TV, todas aquelas pessoas chatas e inúteis que você tem no msn resolvem ficar on, seu namorado sai para fazer um programa em família e você fica em casa, com dor no corpo, deitada com uma de suas melhores amigas e engordando. Show, né ?
Na segunda eu acordei completamente indisposta para ir à aula. Dor de cabeça, dor no corpo, febre, mas graças ao meu bom Deus a minha garganta não estava ruim, eu não estava tossindo e parecia não ser nada muito grave. Apenas a consequência de passar quase uma hora em baixo de uma tempestade congelante.
- Tem certeza que você não quer que uma de nós fique com você ? - Flora perguntou pela milésima vez.
- Não, podem ir tranquilas, a Anne vai ficar aqui comigo.
- Ok, qualquer coisa ligue. - Ana falou e me deu um beijinho na testa.
- Liga mesmo. Te amo amiga. - Paula repetiu o ato da minha prima e em seguida a Flora fez o mesmo.
Elas saíram e eu voltei a dormir. Só acordei quando a Anne chegou com um médico para me examinar. Ele passou alguns remédios, foi embora e eu voltei a dormir.
Não lembro muito bem o que eu sonhei, mas sabia que tinha sido um sonho estranho. Alguma coisa relacionado ao colégio, as meninas e os Harcourt. Não me importei muito com isso, afinal, era só um sonho.
- Seu namorado é um porre. - Paula disse enquanto se jogava ao meu lado da cama.
- Por que ?
- Ele não deixou a gente em paz, ele não calava a boca nunca. Toda hora era 'Será que a Bia tá bem ? Acho melhor ligar para ela, vai que a Anne teve que interná-la. Não, pensando bem, é melhor eu tentar ser liberado agora e fazer uma visita.' - ela falou tentando imitar a voz do Kurt.
- Own. Sério ?
- Pior que sim.
- Larga de ser invejosa, Paula. Ele se preocupa com a nossa fofinha, isso é bom. - Flora falou, se jogando do meu outro lado da cama.
- Não é inveja. Eu tive que falar umas trezentas mil vezes para ele que era melhor deixar ela descançar.
- Pois é, eu achei um milagre ele não ter vindo ainda. - Ana, que estava sentada na beira da cama, falou.
- Ele só foi em casa almoçar. Os irmãos precisaram arrastar ele, sério. Foi estranho, mas daqui a pouco ele deve está chegando aí. - Flora deu de ombros.
- Por falar em almoçar, a senhorita tá comendo bem ? - Ana me perguntou com aquele ar de responde-a-verdade-ou-morre.
- Sim, mamãe.
- Ótimo, porque agora quem vai almoçar é a gente. - ela sempre foi faminta, então eu dei de ombros.
- Vamos deixar a Bia descançar. - Flora falou e foi em direção a porta, sendo seguida pelas outras duas.
- Quando o Kurt chegar pede para ele subir, tá amores ? - pedi.
E mais uma vez eu me vi trancando naquele quarto rosa bebê, que, por ter as janelas de vidro cobertas pela cortina lilás, estava escuro.
Adormeci facilmente, mas não demorou muito para que eu sentisse o colchão afundar com alguma coisa - ou alguém - que havia se deitado de frente para mim.
Abri os meus olhos vagarosamente e um sorriso espontâneo surgiu em meu rosto ao ver quem era.
- Oi, amor. - ele falou.
- Oi, amorzinho. - lhe dei um selinho. Sorte minha que eu havia escovado os dentes antes de adormecer, acho que só dormi por meia hora. Bom, se você quiser realmente chamar isso de dormir, sinta-se à vontade.
- Você tá bem ?
- O médico receitou alguns remedinhos e agora eu estou bem melhor.
- Que bom, vim para passar o dia inteiro com você. - ele falou com um sorriso de criança sapeca.
- Sério ? - meus olhos estavam brilhando, provavelmente.
- Aham e olha o que eu trouxe. - ele pegou uma mochila e tirou de lá um DVD, alguns sacos de pipoca de microondas e um negocinho que parecia ser para fazer chocolate quente.
- Marley & eu.
- Agora você arruma um espaço para mim nesse cobertor, enquanto eu vou lá embaixo preparar umas coisinhas.
- Ok.
Ele desceu e eu fui colocar o filme no DVD do meu quarto. A minha televisão de LCD ficava na direção exata da minha cama, então eu não tive muito trabalho em relação a isso. Fui ao banheiro arrumar meu cabelo, dar uma olhadinha básica na minha aparência. Não pude deixar de notar o quanto meu baby doll era minúsculo, então fui correndo para de baixo do meu cobertor de florzinha antes que o Kurt chegasse.
- Chocolate quente para você, sorvete para mim e pipoca para os dois. - ele falava enquanto colocava a bandeja preta e branca em cima da cama.
- Como você conseguiu não ficar doente ? - perguntei exasperada
- Primeiro, você ficou mais tempo na chuva do que eu por culpa daquela sua ideia imbecil de ir embora a pé. Segundo, eu sou saudável. - terminou fazendo uma cara de mamãe-sou-forte. Voltei minha atenção para outra coisa. Mais precisamente um potinho preto e branco que estava em sua mão esquerda.
- Só por curiosidade... De que é esse sorvete ?
- Flocos, por que amor ?
- Flocos ? É o meu sorvete preferido. Me dá um pouquinho ? - pedi com água na boca.
- Não, você não pode tomar gelado, meu amor.
- Ah, poxa.
- Poxa nada. Essa sua carinha linda de cachorro abandonado na mudança não vai me convencer. Você quer piorar ? Não né ! Então vai tomar seu chocolate.
- Mandão.
- Mimada.
- Chato.
- Birrenta.
- Lindo.
- Linda.
- Tá legal, vamos prestar atenção no filme agora.
Marley&Eu é um filme muito emocionante. Principalmente para alguém que já passou pela dor de perder um cachorro.
No fim do filme, meus olhos ardiam, eu soluçava copiosamente e Kurt tentava, inutilmente, acalmar a criança chorona que eu havia me tornado. Juro que se eu não tivesse visto uma lágrima solitária cair pelo rosto do meu namorado, eu o chamaria de insensível para baixo.
Mas tadinho, deixa eu dar um desconto já que ele está tendo toda a paciência existente no mundo comigo.
- Amor...
- Oi ? - falei enquanto enxugava as lágrimas que insistiam em cair.
- Chega de chorar, não é ?
- Estou tentando, amorzinho. Estou tentando.
- Para, sério. Não gosto de te ver assim.
- Ai meu Deus, eu devo estar parecendo um monstro. Não olha para mim, NÃO OLHA PARA MIM.
Certo, devo dizer que até eu tenho medo de mim. Após desse pequeno ataque oh-meu-Deus-eu-estou-feia-não-olhe-para-mim, eu fui correndo para o banheiro tentar visualizar o meu estrago e... Senhor, aquela pessoa no espelho não poderia ser eu.
Rosto inchado e molhado, olhos vermelhos, cabelo bagunçados e grudados na testa. Isso porque era um filme.
Boa, Bia. Continue assim e suas lágrimas secarão.
- Tá melhor ? - Kurt perguntou segurando o riso, assim que eu voltei para o quarto, agora mais apresentável.
- Se você rir da minha cara, você vai ver. - falei em tom de ameça, enquanto sentada ao seu lado.
- E você vai fazer o quê, hein ?
- Deixa eu ver...
- Nem tenta, Bia. Você não pode fazer nada contra mim. - ele falou convencido.
- Ah, eu posso fazer greve de beijo. - falei pensativa, após alguns segundos.
- Greve de quê ?
- De beijo, oras. Não sabe o quê é não ? Quando uma pessoa fica sem beijar a outr...
- Eu sei o quê é. Mas não vai fazer isso comigo não, né amorzinho ?
- Não foi você que disse que eu não podia fazer nada contra você ? Então, acho que você não vai nem se importar de ficar alguns dias ou algumas semanas sem me beijar.
- Dias ? Semanas ? Aí você acorda, né amor ? - ele falou um pouco desesperado.
- Estou com fome. - falei mudando de assunto e fazendo o Kurt me olhar confuso - Ok, eu sei. Mudei de pato para ganso. Quem se importa ? - continuei debochada.
- Você é doida.
- Eu sei. Mas você me ama mesmo assim.
- Convencida.
- Só realista.
Ele começou a se aproximar, quando eu senti sua respiração perto de minha boca e fechei os olhos pensando que ele iria - finalmente - me beijar, ele começa a me fazer cosquinhas.
COSQUINHAS. Isso foi super... Broxante.
E falei frisar que eu odeio que me façam cosquinhas.
- PAAAAAARA KURT. AGORA. - nesse momento, eu já estava deitada na cama com ele em cima de mim.
Eu berrava, esperneava, batia nele com toda força contida dentro de mim tentando fazer com que ele parasse.
Até o momento em que ele realmente parou e segurou minhas mãos em cima da minha cabeça, com uma de suas mãos. Nós ficamos nos encarando e quando eu desviei meus olhos dos dele, percebi que o Kurt estava entre minhas pernas e que... Bem, aquela posição não era nada decente.
Ele foi descendo seu rosto, até nossos narizes se tocarem. Percebi que ele estava tentando não colocar seu peso todo em cima de mim, mas eu realmente não me importaria se ele fizesse. Dei uma pequena mordida em seu lábio inferior, puxando o mesmo logo em seguida. Desenhei sua boca com a minha língua, o provocando. Rocei sua boca na minha, sem a intenção de começar um beijo, encostei meu nariz no dele dando um beijinho de esquimó.
Não sabia por quanto tempo mais ele aguentaria todas as minhas provoções, só sei que eu estava gostando de fazer isso. Agora eu entendi o porquê do Kurt gostar tanto de fazer isso comigo. É legal ver a pessoa que você gosta vulnerável às suas carícias. Aos poucos, ele foi soltando minhas mãos e deixando o seu corpo sobre o meu.
Ops, Kurt. Acho que isso não foi uma boa ideia.
Enquanto uma de minhas mãos segurava o seu cabelo e fazia ele se afastar de mim todas as vezes que tentava me beijar, a outra percorria sua barriga definida e sentia o seu abdomen se contrair. Eu estava gostando daquilo, daquela intimidade que estava começando a surgir entre nós dois.
É claro que ele não deixaria barato, uma de suas mãos estavam em minha coxa, enquanto a outra fazia desenhos aleatórios na minha cintura por de baixo da blusa curta e justa da Minnie.
- Não me provoca, pequena. - ele falou, seguido de um suspiro pesado.
- Vai fazer o quê, Harcourt ? - falei em um tom de desafio e meio segundo depois senti seus lábios grudarem no meu rapidamente.
Com certa urgência, sua língua tocou meus lábios me fazendo abri-los rapidamente. Mas ao contrário do que eu pensava e esperava ela não se encontrou com a minha.
Kurt Harcourt queria me provocar e ele sabia bem como fazer isso. Nossas bocas estavam grudadas, abertas, mas a língua dele que havia pedido passagem ainda estava dentro de sua boca. Com mais urgência do que antes, puxei sua cabeça com minha mão livre para mais perto de mim e finalmente senti aquele choque gostoso, o qual eu havia me acostumado.
Suas mãos apertavam mais ainda a minha cintura, enquanto as minhas não se decidiam entre sua barriga, costas ou sua nuca.
Aquilo estava ficando quente e indecente.
Comecei a recuperar meu juízo, quando senti as mãos do Kurt levantando lentamente a minha camisa e se aproximando dos meus seios.
Minha sorte foi que a minha prima não sabe o quê é educação e nem que se bate na porta antes de entrar, porque sinceramente o pequeno pedaço do meu juízo que eu havia recuperado não seria o bastante para tentar parar o que estava prestes a acontecer ali.
- Amores, a Anne tá... AH MEU DEUS. - ela gritou, fazendo com que o Kurt caísse ao meu lado pelo susto e tapou os olhos. Olhei para o Kurt e percebi que ele estava com as mãos na cabeça e de olhos fechados, me sentei na cama tentando arrumar o meu cabelo e minhas roupas.
- Você pode abrir os olhos, prima. - falei com um tom de riso.
- Tem certeza ? Eu sou uma pessoa muito inocente para ver certas coisas. - ela disse, espiando por entre as mãos.
- Primeiro, nós dois não estamos fazendo nada e segundo, de inocente você não tem nada. Thiago que o diga, né ?
- Como você é engraçada, Almeida.
- Disponha, Montagner. - falei tão debochada quanto ela - Então, veio aqui fazer o quê ?
- Cadê sua educação, Bia ?
- No mesmo lugar que a sua. - falei e ela deu um sorriso amarelo.
- A Anne mandou eu chamar vocês para jantar.
- Jantar ? - perguntei espantada, enquanto escolhia alguma roupa decente para mim - São que horas ?
- Quase nove.
- Vou tomar banho rapidinho e já desço.
- Rapidinho mesmo.
Como eu disse, meu banho foi realmente rápido. Coloquei um short jeans curto, uma t-shirt rosa com os dizeres 'She's Loser' e uma seta apontando para a esquerda, chinelos brancos e meu cabelo preso em um rabo de cavalo.
Quando saí do banheiro, Kurt estava sentado na cama, olhando fixamente para algum lugar desconhecido.
- Vamos descer, amor ? - estendi minha mão em sua direção. Para minha surpresa, ele a pegou e me puxou para um abraço.
- Desculpa, pequena. - ele começou sussurrando em meu ouvido - Não consegui me controlar.
- Não peça desculpas, Harcourt. Você é meu namorado não é ?
- Sou. E eu amo você. - ele sussurrou.
- Bia ? Bia ? BIA ? - a voz, ou melhor, o berro da Flora me fez acordar do meu pequeno transe - Você ouviu o que eu disse ?
- Não. - fui sincera.
- Aonde você está com essa cabeça, Bia ? - ela perguntou no melhor estilo 'mamãe-está-brava' - Tava viajando nas aulas de história e álgebra, agora fica no mundo da lua.
- Eu não estou no mundo da lua, minha cabeça está aqui. Na verdade, na casa do lado da minha, aonde eu estarei daqui á cinco horas jantando com a família do meu namorado.
- Como se você nunca tivesse ido na casa da família Harcourt antes.
- Mas agora eu vou como a namorada do Kurt. Na-mo-ra-da. Estou nervosa.
O fato era que a Sra Harcourt havia se oferecido para fazer um jantar para mim justo no dia em que eu e o Kurt completaríamos um mês de namoro.
Eu não poderia recusar, mas também não poderia levar minhas amigas comigo já que era uma coisa muito intíma. Tentei convencer o Kurt a me deixar levar pelo menos a Flora, porque ela já era da 'família', mas ele me respondeu com um simples 'Ela já teve o jantar dela, agora é sua vez'.
Preciso dizer que eu estava uma pilha de nervos ?
Fui chamada atenção umas cinco vezes só nos dois primeiros tempos, fiquei encarando o nada no intervalo e quando tocou o sinal, eu saí correndo. Correndo no corredor, quanta ironia.
Queria chegar em casa o mais rápido possível, queria conversar sozinha com a Paula para ela me mostrar o quão besta eu estava sendo, queria sumir e acabar de vez com esse nervosismo.
Mas espera um minuto.
Ah, claro. Querer não é poder.
- Calma, gatinha. Não precisa ficar tão nervosa. - Thiago falou e antes que eu pudesse responder alguma coisa, Kurt se meteu.
- Sabe, Thiago, não é nada legal você ficar chamando a namorada do seu irmão de gatinha. - ele falou sério.
- Se liga, Kurt. Eu a chamava de gatinha antes dela virar sua namorada, então não reclame, beleza ?!
- Calem a boca, vocês dois. Credo. - Ana Juli.
- Eu vou ficar realmente preocupado com você, se não ouvir nada da sua boca gatinha. - Thiago falou chegando perto de mim e dando enfase na última palavra.
- Eu estou nervosa. - falei.
- Jura ? - Kurt falou irônica e começou a rir depois.
- Muito bom saber que o meu nervosismo te faz rir, amorzinho. - falei de má vontade.
- Minha mãe te adora. - ele chegou perto de mim e me abraçou - Não tem com o que se preocupar. - um selinho - Então põe um sorriso no seu rosto. - outro selinho - Porque hoje a gente faz um mês.
Como faz para sorrir mesmo ?
Eu nunca havia passado por essa situação antes. Como a minha querida prima sempre fazia questão de espalhar, eu só tive um namorado na minha vida inteira e eu nunca fui apresentada para os pais dele. Tudo bem, eu sabia que o Sr. e a Sra. Harcourt me adoravam, sem ser egocêntrica, mas mesmo assim alguma coisa dentro de mim me deixava... Alerta, nervosa, confusa.
O Thiago é meu melhor amigo e por isso eu sei o quanto ele e seus irmãos prezam a opinião da mãe deles em relação à namoro. E é por isso que eu me pergunto: COMO KURT HARCOURT NAMOROU COM A VEH ?
Todo mundo sabe que essa garota não é um exemplo de pessoa, nem uma boa namorada e muito menos a nora que toda mãe queria ter.
Bom, esse fato devia aliviar meu nervosismo, certo ? É, certo ! Nossa, descobri que falar mal da Veh, me deixa bem.
Cara, isso não parece certo.
Mas quem se importa ?
- Vamos ? - Kurt perguntou assim que eu desci as escadas da minha casa.
- Já ? - Paula perguntou, chegando na sala com uma taça de sorvete de morango.
- Sra Harcourt não gosta de atrasos. - ele respondeu, dando uma piscadinha sedutora, enquanto me puxava pelas mãos.
- Calma, Harcourt.
- A gente ainda precisa pegar quatro táxis para chegar na minha casa, amor.
- Ah, só não me diga que iremos pegar tranporte público.
- Er, você considera ônibus um transporte público ?
- Eu não nasci para isso, Senhor. - falei dramática e logo depois começamos a rir da nossa encenação. Quem visse de longe, com certeza pensaria que nós não somos certos da ideia.
- Você tá linda, amor. - Kurt falou logo depois de me dar um selinho.
Eu estava usando uma blusa preta, meio tomara que caia com um detalhe prata que prendia em meu pescoço. Minhas botas de camurça grafite, uma calça skinny um pouco mais clara do que a bota, brincos de argola e algumas pulseiras prateadas.
Maquiagem leve e cabelo solto, terrivelmente liso.
- Olá, querida. - Sra Harcourt sorriu amável quando entrei em sua casa. Retribuí o seu cumprimento e lhe dei um abraço. A forma com que ela olhava e falava comigo fez com que o meu nervosismo sumisse. Me lembrei do porquê eu me sentir tão a vontade quando ia naquela casa. Sra. Harcourt era um amor de pessoa, aquele tipo de sogra que toda menina gostaria de ter, aquele tipo de mãe que toda mulher gostaria de ser. - Só estávamos esperando vocês, vamos.
O Senhor Harcourt me cumprimentou com um sorriso, enquanto Frankie pulava em meu colo, fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e fosse segurada pelo Kurt.
- Segura onda aí, Frankie. - ele falou.
- Bia, Bia, Bia.
- Amorzinho, que saudade de você. - falei enquanto eu o colocava na cadeira.
- É, depois que você começou a namorar o Kurt esqueceu do gatão aqui, né ? Sua ruim. - ele falou com uma cara de sentido, enquanto olhava de mim para o Kurt e para sua mãe.
A comida já estava na sala de jantar, então não precisei ajudar.
Agradeci mentalmente por isso. Do jeito que eu sou desastrada ia ter arroz voando pela sala, chão sujo de macarrão e por aí vai.
Nós oramos e logo depois começamos a comer. Coincidência ou não, era a minha comida favorita. E estava uma delícia.
- Sabia que você é a primeira namorada que o Kurt 'apresenta' pra gente ? - Sr. Harcourt me perguntou, assim que todos acabaram de comer a sobremesa. É, minha favorita. De novo.
- Sério ? Não, não sabia. - falei sincera, agora sim eu entendi o porquê dele ter namorado com a Veh - Acho que... Isso é uma coisa boa, né. - falei incerta, olhando para o meu namorado.
- Sem dúvidas. - ele disse, segurando minha mão.
- Eu ainda quero saber o seu segredo. - Sra Harcourt falou para mim e eu a olhei confusa.
- Segredo ?
- É, para ter conquistado os meus quatro meninos do jeito que você fez. Eles te amam, Bia. E, assumo que no começo, eu senti ciúmes disso. - ela disse rindo e eu corei levemente.
- Eu também os amo muito, vocês fizeram um ótimo trabalho com essas coisinhas lindas.
Ficamos conversando por mais algum tempo, até que todos se levantaram da mesa.
- Vamos levar essas coisas para a cozinha. - Sra Harcourt falou e começou a recolher os copos - Hoje você escapa, Kurt. Vai curtir sua namorada.
Ele sorriu e segurou a minha mão.
Da forma que eu conheço aqueles dois, não vai levar nem dois segundo para arrumarem uma desculpa e sair dali.
- A Bia é minha melhor amiga, mãe. - Thiago falou com uma carinha de cachorro sem dono.
- E também é uma ótima companhia para conversas em uma noite como essa. - Joey sorriu.
- Ok, mas vocês irão me ajudar mais tarde.
- Por que você teve que pedi-la em namoro antes de mim, Kurt ? - Frankie falou emburrado e eu o mirei surpresa com a pergunta.
- Por que, Frankie ? Você gosta da minha Bia ? - ele perguntou com um sorriso divertido nos lábios.
- Não, mas é uma ótima desculpa para fugir da louça. - ele falou simplesmente e saiu em direção a cozinha.
Nós estámos agora, conversando no quarto do Kurt. Devo adimitir que aquele quarto estava bastante arrumado para ser o quarto de um menino. Algumas coisinhas jogadas no chão, a toalha molhada em cima da cadeira do computador, mas nada demais.
Eram quase onze horas, quando o pais deles vieram dar boa noite e dizer para o Kurt não me deixar ir sozinha. Logo depois, seus irmãos me deram um beijo na testa e foram dormir.
Então, ali estava eu.
Sozinha com o meu namorado.
No quarto dele.
- Falta te dar o meu presente, né ? - ele falou assim que a porta se fechou.
Eu nunca fui boa para comprar presentes de um mês de namoro. Pode me chamar de qualquer coisa, mas eu acho que o máximo que se deve dar é um presente simples e barato. Presentes caros nós deixamos para um ano, dia dos namorados, aniversário e essas coisinhas mais.
Quando me sentei em sua cama, pude ver que o porta retrado que eu havia dado de presente para ele, estava na estante do lado de sua cama. Ele era de vidro, com detalhes dourados e continha uma foto em que estávamos abraçados e sorrindo um para o outro. Atrás da foto, eu escrevi um pedaço da música que marcou o começo do nosso namoro. "The smile on your face, the truth in your eyes, the touch of your hand, let's me know that you need me".
- Eu achei a sua cara. - ele falou após me entregar um embrulho grande e rosa. Aposto que é um bichinho de pelúcia.
- Uma vaca de pelúcia ? Você disse que uma vaca era a minha cara ? - perguntei em um falso tom de indignação.
- Olha para a Tink. - ele pegou a vaquinha da minha mão e colocou próximo ao seu rosto.
- Tink ? Você já colocou um nome no meu presente, Harcourt ? - ele me ignorou.
- Vê se ela não é a vaquinha mais linda e fofa que você já viu.
- Você parece um gay falando desse jeito.
- Você mais do que ninguém sabe que de gay eu não tenho nada. - ele falou de um jeito malicioso.
- Uii. Ok, Senhor Gostosão. Mas ainda assim eu não entendi o seu raciocínio.
- É porque você é menina mais linda que fofa que eu já vi. Entendeu ou quer que eu desenhe ?
- Sabe, se você desenhasse seria mais fácil. - falei sorrindo - Ok, a Tink é realmente linda, mas deixa ela de lado um pouquinho. - peguei a vaquinha de sua mão e coloquei na mesma estante onde estava a nossa foto.
- Por que ? - ele perguntou, com a sua boca quase junta da minha.
Não respondi. Acho que é muito fácil deduzi o quê eu fiz com a minha boca.
Muito mais útil do que falar, é beijar.
Nossos beijos beijos estavam mais quentes, os amassos mais profundos, mas sem perder a doçura. Kurt, quando não perdia o controle, sempre me tratava como uma bonequinha e isso era mega fofo.
Nós estávamos tentando manter o controle, porque afinal os pais dele estavam em algum comodo próximo ao dele, mas não foi possível.
Ele me puxou para o seu colo, enquanto eu colocava cada perna minha em um lado de seu corpo, segurando fortemente minha cintura, aproximou ainda mais os nossos corpos, eu bagunçava seus cabelos com uma de minhas mãos, já que a outra estava ocupada segurando seu rosto e aproximando ainda mais do meu. Eu já sentia meu pulmão implorar por ar, mas eu não conseguia desgrudar os nossos lábios. Nossas línguas percorriam o interior de nossas bocas fazendo movimentos aleatórios e provocantes. Ficamos assim durante mais ou menos meia hora, até que ele quebrou o beijo, puxando meu lábio inferior.
- Bia, você está bem? - ele me olhava com um ar zombeteiro. Percebeu que eu estava sem reação e tinha esquecido de respirar - Desculpe, eu não queria te deixar sem ar. - eu respirei fundo e tenti recuperar a fala.
- Você é bastante convencido. E eu? Não te afetei? - fingi estar brava.
Ele deu um meio sorriso e eu segurei seus cabelos, empurrando sua cabeça pra trás e beijei seu pescoço.
Ele era lindo. Muito lindo. E era meu.
Kurt pareceu gostar daquilo, então continuei com a provocação, mais alguns beijinhos no pescoço, outros nos ombros ...
- Nada ? Vamos tentar outra coisa. - eu o soltei e beijei sua boca da forma mais desesperada e profunda que consegui - Vou desistir. Você definitivamente não gosta de mim. - falei, saindo de seu colo. Ele me puxou de volta e abraçou minha cintura, me prendendo.
- Você não tem noção do efeito que causa em mim. Você me enlouquece, Bia Almeida. Eu tenho medo de te machucar, tenho que me controlar demais quando estou perto de você. - ele disse enquanto acariciava meu rosto com a ponta de seus dedos, eu mantinha os olhos fechados.
- Então prove. - eu o provoquei.
Ele me beijou, muito animado devo dizer, me deitou na cama e se deitou por cima de mim, se posicionando entre as minhas pernas.
Quando não estava beijando a minha boca, Kurt intercalava selinhos entre o meu pescoço e as partes descobertas do meu colo. Esses beijinhos que mais pareciam chupões dele me piravam. Voltei a realidade quando senti meu celular vibrar em cima da estante.
Mensagem da Paula.
- Nossa, já são quase duas horas da manhã. - falei espantada - Melhor eu ir embora, amor.
- Mas já ? - ele perguntou, fazendo uma carinha emburrada muito fofa e saindo de cima de mim.
- Já. Esqueceu que eu ainda preciso pegar dois ônibus e um táxi ? - falei rindo.
- Vem, vou te levar. - eu levantei e entrelacei nossos braços.
Caminhamos em silêncio e de mãos dadas até a porta da minha casa, aonde ficamos nos encarando por alguns segundos. Esses momentos de silêncio com o Kurt quase nunca me incomodavam, às vezes eu parava para pensar o quê eu fiz para merecer alguém como ele, se é que eu realmente mereço.
- Acho melhor você entrar, tá frio aqui fora. - ele falou.
- É, também acho. - falei dando de ombros, mas continuando no mesmo lugar.
- Não vai entrar não ? - ele perguntou com um sorriso de canto de boca.
- Larga de ser chato, cara. - falei e o puxei para mais um dos nossos beijos demorados e, é claro, comportado.
- Tchau, amor. Durma bem. - ele falou, desgrudando sua testa da minha e me dando um rápido selinho.
- Você também. Durma bem e sonhe comigo. - falei presunçosa e me virei para abrir a porta, quando ele estava quase entrando em casa, eu o gritei, chamando sua atenção - HEY, HARCOURT !
- FALA, ALMEIDA. - ele deu um sorriso.
- EU AMO VOCÊ.
- EU TAMBÉM TE AMO.
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