terça-feira, 7 de setembro de 2010

O melhor sonho. Capítulo 2. parte 1O

(n/a: as partes escritas em itálico tem como narrador o Kurt)

- SE VOCÊ NÃO DESCER EM DOIS MINUTOS EU SUBO AÍ E TE TRAGO PELOS CABELOS, OUVIU BIA ?
- É UM POUCO DÍFICIL NÃO OUVIR JÁ QUE VOCÊ ESTÁ BERRANDO PAULA. - respondi no mesmo tom de voz. Ela estava lá em baixo me esperando, enquanto eu terminava de me arrumar para ir à festa do Arthur.

Escolhi usar o meu mais novo vestido da Chanel, preto com alças finas e alguns detalhes transparentes. Ele batia na metade das minhas coxas e as minhas sandálias de prata salto 10 Loubotin pareciam deixá-lo mais curto do que já era. Como eu sou uma menina decente, resolvi colocar um short curto de laica por baixo do vestido. Coloquei minhas dezenas de pulseiras prateadas no braço esquerdo, minhas argolas de diamante e deixei meu cabelo solto. Optei por usar uma sombra meio azul, para dar um 'colorido' em mim e meu batom rosa chiclete da nova coleção da Dolce&Gabana.

- O quê foi ? - perguntei, ao notar o olhar do Luc em cima de mim.
- Já viu o tamanho da sua roupa? É menor que a auto-estima da Ana Juli. - ele falou, fazendo com que a Ana soltasse um murmúrio de indignação que foi ignorado por todos.
- Fala sério, Luc. - revirei os olhos.
- Ok, você não vai obrigar a Bia a trocar de roupa agora né, Luc ? - Megan começou a falar carinhosa - A gente já tá atrasada. Terrivelmente atrasada, ela vai demorar mais duas horas para se trocar !
- Eu não entendo porquê vocês vão nessa festa idiota em plena quinta-feira !
- Nós já conversamos sobre isso, irmãozinho lindo. É como se fosse uma tradição do pessoal do colégio ou algo do tipo.
- Mas a Ana e a Flora não vão. - ele falou emburrado.
- A Flora vai sair com o Joey e a Ana... Bem, ela não quer ver o Thiago pegando todas. - Paula falou, dando de ombros.
- Mesmo eu falando que ele não é desse tipo que pega todas, ela ainda prefere ficar em casa. - bufei.
- Tchau, pessoas. - Paula falou me puxando e a última coisa que eu vi foi o Luc revirando os olhos.
- Cuida da minha pequena, Paula. - ele pediu, fazendo com que ela sorrisse e fechasse a porta em seguida.

Tá legal. É implicância minha ou esses dois gostam de me tratar como se eu fosse uma criança ?


Fazia quarenta minutos que eu estava procurando por ela. As pessoas vinham me cumprimentar, querendo saber quando seria o próximo jogo, algumas meninas me dando mole, o Thiago fazendo umas piadinhas idiotas sobre a surpresa do baile e tudo mais que eu podia pensar estava acontecendo agora, menos o que eu queria. Quase todas as pessoas daquele colégio estavam ali, menos a que era mais importante para mim.
A festa já tinha começado a quase duas horas, eu cheguei atrasado por culpa do Thiago que não se decidia entre usar um tênis preto ou branco. Cara, para quê tanta preocupação com um tênis ? Nem parece meu irmão, fala sério. Eu já estava um pouco estressado por causa disso, agora adiciona o fato de que eu fiquei rodando uma casa de três andares na esperança de encontrar certo alguém.
Tudo bem, eu sei daquela história de que as mulheres levam um século para se arrumar e tal, mas tanto assim é exagero né ?

- Nossa, ela está linda. - escutei
  Arthur falar com alguém atrás de mim.
- Fiquei sabendo que ela não está mais namorando com o Harcourt. - algum amigo dele falou.
- Pois é hoje essa garota não me escapa. - eu me virei em direção à porta para confirmar a minha suspeita.

Era da Bia que o Arthur estava falando. Ela havia acabado de chegar. E ela estava linda. E... Tudo bem, me permito dizer que ela estava provocante. Atraiu todos os olhares de cobiça masculinos e todos os olhares de inveja femininos. E isso me deixou um pouquinho irritado, mas só um pouquinho, óbvio.
Fiquei parado, encostado na escada, enquanto via a minha pequena conversando com algumas pessoas e abrindo aquele sorriso que eu tanto adorava. Algo em mim me dizia que as coisas entre nós ficariam bem de novo. A Mellanie vai embora amanhã e eu não vejo a hora de chegar o baile. Minha mente gritava pela aproximação, minha boca queria sentir o gosto dela, o seu cheiro, seu toque... Eu estava sentindo falta de tudo relacionado a ela.

- Hey, Kurt. - ouvi o Thiago me chamar, enquanto eu me encaminhava em direção ao jardim. Contrariando o meu coração e a minha vontade, decidi ficar longe da Bia essa noite. Ou então eu colocaria tudo a perder...
- Fala, Thiago.
- Viu a gatinha ? - ele perguntou e eu revirei os olhos. Eu tenho todo o direito de não gostar do fato do meu irmão chamar a minha ex futura atual namorada de gatinha, certo ?
- Aham, ela chegou faz uns 30 minutos.
- E a Ana Juli ?
- Que tem a Ana, Thiago ? - agora foi a vez dele revirar os olhos.
- Ela veio junto ?
- Acho que não. Só vi a Paula com ela.
- O irmão da Bia também não veio ?
- Não. – respondi simplesmente e o fiquei encarando. Opa, opa – Você não acha que ...
- Que ela não veio só para ficar em casa sozinha com ele ? Sim, eu acho.
- Mas ela e as meninas vivem dizendo que a Paula tem uma queda pelo Luc. A Ana Juli é doidinha, mas não a ponto de fazer isso com uma amiga.
- Quem garante ?
- Você deveria garantir né, Thiago ? Afinal ela é sua namorada e deveria ter sua confiança.
- A gente não namora.
- Talvez já esteja na hora de pensar sobre isso, cara.

Deixei meu irmão com sua consciência – ok, isso foi podre – e voltei para a sala. Toda vez que o meu olhar se cruzava com o dela, eu desviava. Me juntei ao pessoal do time que estava perto do bar e fiquei ali por um bom tempo. Tentando pensar em outra coisa que não fosse a minha enorme vontade de agarrar a Bia agora mesmo.
Veja bem, tentando.



Uma música envolvente tocava agora no volume mais alto do que o permitido para o horário e a pista de dança estava chamando o meu nome.
Mas, como sempre, eu estava procurando preocupada pela Paula. Ela acabou bebendo demais e está se atracando em algum lugar dessa festa com um dos amigos do Arthur. De novo. Para ser sincera, essas crises que ela dá quando vai a alguma festa já estavam me cansando. Ela bebe, bebe e bebe, se atraca com alguém, acorda no outro dia de ressaca sem se lembrar de nada e jura para mim que não vai fazer outra vez. E a ingênua aqui como sempre acredita. Não que eu seja daquele tipo de pessoa que recrimina quem bebe, mas o estado que ela fica depois é desprezível. E ela sabe disso.

- Viu a Paula ?
- ...
- Você viu a Paula ?
- Sai daqui...
- Sabe aonde a Paula foi parar ?
- Se essa Paula for gostosa, eu descubro. - é impressionante o número de pervertidos que aparecem em uma festa como essa.
- Meninas, alguma de vocês viu a ? – perguntei para algumas garotas do 3ªA, que estavam perto da cozinha.
- Não.
- Noooop.
- Deve estar se agarrando com alguém por aí.
- Eu vi, Bia.
- Jura ? Aonde ?
- Para de ser estraga prazeres, Claire. Deixa a garota se divertir sem tem uma santinha no pé dela. – parece que alguém aqui não gosta de mim.
- Eu estou preocupada com ela, Claire. Me diz aonde.
- Você tem toda razão de estar preocupada, ela passou aqui há uns cinco minutos atrás completamente bêbada e acompanhada do...
- Do...
- Do Ethan, amigo do
Arthur. É melhor você ir atrás dela, esse garoto não presta.
- Eu vou. Mas para onde eles foram ?
- Em direção ao bar.

Senti meu coração bater mais forte, o bar foi o único lugar que eu não procurei por uma razão básica. Kurt estava lá.
Eu não fui a única pessoa a perceber que ele estava me ignorando, as pessoas naquela festa estavam comentando sobre isso, o que fazia com que eu ficasse pior do que já estava. Eu queria que ele sentisse aquilo que eu estava sentindo agora, queria fazê-lo sofrer assim como eu sofria e por isso, eu estava fazendo o mesmo.
Ótimo, para melhorar a situação ele ainda estava sentado perto da Paula. Simplesmente ótimo.

- Paula, vamos embora. – falei assim que cheguei ao seu lado.
- Maanda outro Sex On The Beach, caa-ra. – ela pediu para o garçom – Agoooora que a festa tá... bo-ooa ? Naaada disso Fo-fofura.
- Olha para você, Paula. Está mais para lá do que para cá, amanhã ainda tem aula sabia ?
- E daí ? – o menino que eu deduzi ser o tal do Ethan falou.
- ÉÉÉ ! E daí ? – ela se virou para mim – Bia, o Ethan me chamou para ir lá fora. Na sauna. Vaaamos ?
- Não, nós vamos para casa. – comecei a puxá-la pelo braço, mas ela se soltou andando em direção aos dois meninos que já estava se direcionando para fora da sala. Eu fui atrás, claro.

Parecia que cada passo que eu dava fazia o meu coração acelerar mais. Eu estava com medo, isso era fato.
A sauna estava vazia, quando nós chegamos lá. Ainda era possível ouvir a música que tocava dentro da casa, em um piscar de olhos aPaula e o Ethan já estava se agarrando loucamente ao meu lado. O
Arthur me olhava de um jeito que fazia o meu medo aumentar, tinha maldade naquele olhar, perverção.
E foi quando ele trancou a porta do lugar que o meu coração parou, quase que completamente. O desespero dentro de mim aumentava e eu queria correr, gritar. Ele foi se aproximando de mim e eu andando para trás, até que as minhas costas encontraram a parede gelada, fazendo com que o sorriso que ele possuia no rosto aumentasse. Os lábio do
Arthur vieram em direção à minha boca e eu desviei.

- Qual é Almeida ? Vai bancar a difícil agora é ? - caminhei em direção a porta, esperando que ele tivesse esquecido a chave ali.
- Abre essa porta,
Arthur. Eu quero ir embora.
- Para que ? A gente vai se divertir aqui.
- Abre agora.
- Eu sei que você me quer, Almeida. Não precisa fingir.
- Eu te quero ? - soltei uma risada irônica e alta.
- Desde do seu primeiro dia no colégio.
- Olhe bem para mim
Arthur. Até parece que alguém como eu, - apontei para mim - iria querer alguém como você. - apontei para ele, terminando a frase do jeito mais irônico possível. Percebi que ele ficou com raiva.
- Você vai se arrepender disso, garota.

E numa fração de segundo, ele estava me jogando na parede, apertando meus pulsos e forçando sua boca na minha. Eu virava meu rosto, tentando escapar daquilo, mas isso parecia exitá-lo. Quando mais eu tentava fugir, mais ele me agarrava. Meus pulsos estavam doendo e as lágrimas já beiravam meus olhos quando ele passou a dar longos e doloridos chupões pelo meu pescoço e perto dos meus seios.
Eu não podia acreditar no que estava acontecendo, isso não podia estar acontecendo.

- Ai, cacete. - ouvi o Ethan gritar ao meu lado - O quê você está fazendo cara ?
- Não se mete. - ele falou ainda agarrando meus pulsos.
- Isso dá cadeia,
Arthur. Para com isso.
- Ninguém nunca vai saber disso, eu só vou me divertir com ela.
- Divertir ? Se divertir ? Isso é estupro ! - agora as lágrimas que eu havia segurado já estava correndo pela minha face - Solta essa menina ou abre essa porta para eu ir embora.

Nesse momento eu senti suas mãos afrouxarem meu pulso e um alívio percorreu meu corpo. Cedo demais.
Ele segurou meus braços, me jogou em qualquer direção daquela sauna imensa fazendo com que a minha cabeça batesse em uma superfície grande e pontuda, que barecia ser uma cadeira ou algo assim. Senti uma dor forte na minha cabeça, enquanto eu escorregava e via tudo rodar. Ao meu lado, vi a Paula desacordada com sua blusa praticamente rasgada e com a boca suja de vômito. Meu choro se intensificou.
Eu ouvia coisas aleatórias que eram berradas pelos dois na porta, enquanto eu lutava para permanecer acordada. Se eu fechasse meus olhos seria fim, o
Arthur iria fazer o que quisesse comigo e só de pensar nessa possibilidade eu me sentia enojada. Eu preferia morrer do que deixá-lo fazer isso comigo.
De repente, eu senti um peso em cima de mim. Ele tinha voltado.
Suas mãos agora percorriam meu corpo, levantando meu vestido, passando por debaixo do meu short e tocando minha calcinha. Eu berrava, me contorcia, chutava qualquer lugar dele que eu conseguisse, mas ele não parava. Sua boca subiu pelo meu corpo, até chegar em minha boca que já sangrava devido a força que ele depositava em suas mãos na tentativa de me fazer ficar quieta.
Meu vestido estava rasgado, eu não sabia aonde estava meu calçado, minhas mãos estavam doendo de tanto que eu batia nele. Eu já não suportava mais a dor que havia apoderado o meu corpo naquele momento. Meus braços estavam caídos ao lado do meu corpo estirado no chão, meus olhos estavam quase fechados,
Arthur estava lambendo meu pescoço e a minha esperança e força já tinham ido embora, quando a janela de vidro do lado da sauna se quebrou. Os cacos vieram todos em nossa direção, tirando o Arthur de cima de mim e acordando a .
Foi quando eu vi aquele par de olhos que eu tanto amava emanando raiva.


Eu estava começando a me preocupar. Já faziam quase uma hora desde a última vez que eu havia visto a Bia e a Paula, o Thiago já estava preocupado.
Ninguém ali parecia ter visto as duas e o fato do Arthur ter sumido não significava boa coisa.
Assim, todo mundo sabe que o Arthur tem uma queda de 987654321 andares pela Bia, com isso várias hipóteses surgiram na minha cabeça. Será que ela havia decidido dar uma chance para aquele panaca ? Quem me garante que, enquanto eu estou aqui todo preocupado, ela não está em uma parede qualquer se agarrando com ele ? Então, ela desistiu de mim ?

- Kurt. - a voz do Thiago me desviou das perguntas sem respostas que rondavam minha cabeça - Aquele dali não é o menino que estava com a Paula ?
- Vamos lá. - falei, logo depois de perceber que era o mesmo garoto do bar.
- Hey, era você que estava com a Paula antes não era ? - Thiago perguntou, tentando parecer simpático.
- Aonde está o Arthur ? - perguntei direto.
- Ele está fazendo uma coisa muito errada e eu não quero ir para cadeia como cúmplice. Não de novo. - ele falou transtornado.
- O que ele está fazendo ? - Thiago perguntou preocupado, acredito que ele pensou no mesmo que eu.
- Ele... Quer... Ela...
- Aonde ele está ? - minha voz saiu séria, forte. Só de pensar no que ele poderia estar fazendo com a minha pequena...
- Na sauna.

Nós dois saímos correndo em direção à sauna da família do Arthur. Quando estávamos a uns dois passos da porta, escutamos gritos que eram abafados pela música alta. Nesse momento a raiva consumiu meu corpo inteiro, eu me senti um tremendo idiota pelo que eu havia pensado antes e tudo o que eu queria fazer era entrar naquele lugar e encher a cara daquele idiota de soco.
Enquanto Thiago tentava arrombar, em vão, a porta que estava trancada, eu peguei uma das cadeiras de madeira que estavam na beira da piscina e tanquei no janelão de vidro que ficava ao lado da porta fazendo com que ele quebrasse.
Como se fosse possível, eu fiquei com mais raiva ainda quando vi o que estava acontecendo.
Ele estava em cima da minha pequena, do meu amor. Ela estava chorando, sangrando e sem forças. Nem o 'olha lá o que você vai fazer' do Thiago fez com que eu pensasse na minha seguinte atitude. Entrei na sauna e logo o tirei de cima dela, seus olhos estavam arregalados e sua boca suja de sangue. O puxei pela gola da blusa e o taquei no chão, me portando em cima dele.
Era soco atrás de soco. No rosto, na barriga, em qualquer lugar que doesse e o fizesse se arrepender do que ele havia tentado fazer com a minha namorada. Aquele idiota merecia morrer e eu provavelmente teria feito isso se ela não tivesse me chamado.
Sua voz estava fraca, cansada assim como seu corpo demonstrava estar. Só de olhar para ela, dava vontade de voltar e bater muito mais no idiota do Arthur. Bia estava agarrada ao Thiago, encolhida, chorando e chamando por mim.
A única coisa que eu poderia fazer era abraçá-la - não tão forte para não machucá-la - e deixá-la chorar em meus braços. Eu sussurrava em seu ouvido palavras de conforto, mas eu não sei o que se diz por alguém que passa por uma tentativa de estupro. Eu só queria que esse sofrimento acabasse e se eu pudesse, o pegaria todo para mim. A Bia não merecia ter passado por isso, ninguém merece.

- Vamos para o carro, Kurt. - Thiago falou.

Eu ia andando com a Bia, escondendo seu rosto em meu peito e sentindo seu choro cessar aos poucos. A Paula ainda estava um pouco bêbada e por isso ela e o Thiago demoraram para chegar aonde estávamos.

- Vamos para casa.
- Não. - quase não reconheci a voz da Bia - Eu quero ir na delegacia, Kurt.
- Não é melhor você conversar com o Luc primeiro Bia ? - Thiago pediu.
- Eu não vou deixar o Arthur sair impune dessa Thiago. Eu quero que ele passe o resto da vida medíocre dele na cadeia. Eu quero que ele morra ! - ela falou decidida, enquanto algumas lágrimas escorriam em seu rosto.
- Eu vou estar lá com você, amor. Sempre estive, sempre estarei. - falei, limpando seu rosto e lhe dando um selinho.
- Ain. - ela soltou um murmúrio de dor - Dói.
- Desculpa.

Na delegacia nos encaminharam para algum lugar que eu não reparei aonde era. Minha atenção estava completamente voltada para a Bia. No começo eles não queriam registrar a queixa contra o Arthur, os pais dele são bastantes conhecidos por aqui. Mas ao que parece, os dela são mais. Bastou falar o sobrenome Almeida para eles começarem a agilizar tudo rapidinho e nos mínimos detalhes.

- É tudo minha culpa. Se eu não tivesse bebido demais dessa vez isso não teria acontecido. - a Paula, que após três copos de café havia se 'curado da bebedeira', se culpava. Nós estávamos esperando a Bia acabar com o exame de corpo de delito.
- Me diz quando você não bebe demais, Paula ? - Thiago perguntou impaciente.
- O Luc vai me matar quando souber disso. Eu prometi que ia cuidar da Bia.
- É, boa sorte com isso.

Eu não posso fazer nada se acredito que a Paula seja culpada também pelo que aconteceu. A Bia me contou toda a história e eu me lembro muito bem que ela falou 'Eu só fui até lá, porque ela estava bêbada e eu me preocupei. Você sabe como eu sou'.
Sinceramente ? A Paula não é uma das minhas pessoas favoritas agora.
O caminho até a casa da Bia foi em completo silêncio, dessa vez quem foi dirigindo foi o Thiago e uma Paula chorosa e culpada estava ao seu lado. E tudo o que eu queria, era que essa noite acabasse de uma vez.



Não vou dizer que eu estava chateada com a Paula, porque eu estava. De alguma forma ela tinha tido uma parcela de culpa em tudo isso, mas eu não queria dizer isso em voz alta. Magoá-la mais do que ela já estava magoada. Apesar de tudo a Paula é uma das minhas melhores amigas e eu sei que ela não imaginava que isso poderia acontecer. Tudo o que eu quero é que ela esqueça essa noite, porque eu vou fazer o mesmo, mas sem garantia de sucesso.
O sono vinha ganhando o meu corpo aos poucos, os braços do Kurt estavam ao redor do meu corpo e seu perfume me entorpecia. Quando chegamos em casa, ele me pegou no colo e me levou até a porta, pedi para ele me colocar no chão e assim ele o fez. Eu estava mole e o chão gelado da nossa varanda estava me incomodando.
Apoiei-me nele, enquanto Thiago tocava compulsivamente a companhia da minha casa.

- O que aconteceu com ela ? - escutei a voz sonolenta e preocupada do meu irmão perguntar, antes de me render às dores e ao sono.

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