- Kurt Harcourt, para onde você está me levando ? - perguntei, assim que percebi que nós estávamos saindo da cidade.
- Você já arrumou suas coisas para amanhã ? - ele perguntou, ignorando minha pergunta.
- Tudo pronto, é só chegar em casa, jogar o celular na bolsa e tchau Texas. - falei dando de ombros.
- Você trouxe seu celular, amor ? - afirmei, balançando a cabeça - Desligue-o, então.
- O quê ? - perguntei confusa.
- Desliga o celular, Bia.
- Mas o Luc vai ficar preocupado comigo.
- Mas o Luc sabe para onde eu vou te levar. - ele revidou.
- Não acredito que ele não me contou. Aposto que para a Paulazinha dele sabe. Por isso que a anta não me perguntou nada e ficou sorrindo que nem uma idiota pra mim. - falei em um tom revoltado.
- Eles não queriam estragar minha surpresa, agora você pode, por favor, parar de reclamar ? - ele pediu, olhando em meus olhos, enquanto esperava o sinal abrir. Sorri de uma forma travessa.
- Só se você me contar para onde a gente vai.
- Ah, Bia. - ele revirou os olhos e voltou a prestar atenção no caminho.
- Vai, Kurt. Por favor, eu nem estou perguntando o quê a gente vai fazer lá, só quero saber o lugar. - dei um beijinho em sua nuca, fazendo com que ele se arrepiasse.
- Isso é jogo sujo, Bia. - ele bufou - Tudo bem, eu falo. Nós vamos para Los Angeles, ponto final.
- O QUE ? LOS ANGELES ? - berrei, assustada.
- Sim, Los Angeles.
- Mas são cinco mil quilômetros até lá, meu amor. A gente vai perder o dia todo no carro.
- São só 2.014 km, não seja dramática nesse momento, meu amor. - ele falou.
- Espero que valha muito a pena. - falei, frisando o muito.
- Valerá.
Por mais incrível que pareça, a viagem passou rápido. Mais rápido do que eu esperava, pelo menos.
Nós chegamos em Los Angeles no fim da tarde e o Kurt me levou para ver o pôr-do-sol perto das colinas do letreiro de Hollywood, o que foi completamente incrível, devo dizer. Ficamos conversando durante um bom tempo por lá, falamos sobre o quanto ele está ansioso com o contrato que assinou com a gravadora do Zach, sobre esses feriados de fim de ano (que são os melhores, na nossa opinião) e sobre a minha ida para a Itália. Às vezes, nós ficavamos em silêncio, apenas curtindo a paisagem e concentrados no som da respiração do outro.
Um pouco depois das oito, nós fomos lanchar no McDonald's - já que nenhum dos dois estava aprensentável o bastante para jantar em um dos restaurantes da famosa Beverlly Hills -, enquanto caminhávamos de volta para o carro, vimos uma daquelas máquinas de foto instantânea, puxei o Kurt em direção da mesma e fiz com que ele pagasse para tirarmos fotos. Ele não queria pagar $8,00 por quatro fotos, mas acabou pagando de tanto que insisti. Qual é, o cara é meu namorado. Tem que satisfazer minhas vontades.
A primeira foto que a gente tirou não poderia ter sido mais típica. Nós dois nos beijando, eu com a minha mão em seu cabelo e ele com a dele em meu rosto. Na segunda, eu me sentei em seu colo e nós dois sorrimos, tiramos mais uma fazendo careta e a última foi igual a terceira, por insistência dele. Depois que nós saímos da cabine, ele pegou o negocinho comprido de fotos e dividiu entre nós dois. As duas primeiras foram minhas e as duas últimas dele.
- Agora eu vou dar o seu presente. - ele me falou sorrindo, assim que entramos no carro. O que me lembrou algo.
- Não sabia que você tinha um conversível, Harcourt.
- Não tinha até o meu padrinho me emprestar o dele, Almeida. - ele falou no mesmo tom que o meu e começou a dirigir.
The moment I wake up... - uma música conhecida começou a tocar no rádio.
- Before I put on my make up... - cantei.
- I SAY A LITTLE PRAYER FOR YOU! - a gente cantava junto - While combing my hair now, and wondering what dress to wear now. I SAY A LITTLE PRAYER FOR YOU! Forever and ever, you'll stay in my heart and I will love you forever and ever, we never will part, oh how I love you, together forever, that's how it must be to live without you would only be a heartbreak for me - nós cantamos a música até o fim. Quer dizer, cantar é um modo de falar, né. Nós berrávamos e ríamos mais do que qualquer outra coisa. Fazia um tempo que a gente não se divertia tanto assim, só nós dois.
Levamos vinte minutos para chegar ao local do meu presente, eu não aguentava mais de tanta ansiedade. Quando chegamos lá, fiquei confusa. O lugar, por fora parecia um balcão ou sei lá como chamam aquilo. Parecia um estoque de loja também e era gigante. Eu não sabia o que era maior em mim, minha confusão ou a minha frustração.
Arqueei uma sobrancelha e ele foi logo me puxando para dentro. Antes de passarmos por uma cortina de plástico que tinha no começo daquilo - sabe-se lá para que - ele me pediu para tirar minhas sandálias e deixá-las em um canto qualquer.
Assim o fiz.
- Eu pensei muito sobre o que comprar pra você de Natal. - ele começou - E adimito que até o dia do nosso amigo secreto, eu não fazia ideia do que te dar.
Então, ele me puxou para o meio daquele lugar.
Então, o meu coração parou de bater por meio segundo.
O lugar era simples, iluminado por velas colocadas em pontos estratégicos, um colchão fino de casal coberto por um lençol verde claro e algumas pétalas de rosas vermelhas jogadas ao chão. Mas não foi isso o que me encantou, mas sim os floquinhos brancos que caiam - vindos de não sei onde - e que pareciam neve. Como se estivesse nevando de verdade, dentro daquele balcão.
Olhei surpresa para ele com o sorriso mais bobo do mundo.
- Você disse que queria ver neve americana. - ele falou, passando uma de suas mãos pelo cabelo - Eu sei que não...
Não o deixei terminar, quando dei por mim, nós dois estávamos nos beijando. Sua língua na minha, suas mãos em minha cintura, minhas mãos em seus cabelos. Era incrível como cada beijo que o Kurt me dava parecia único, isso me deixava atônita. Eu nunca havia sentido isso, ninguém nunca havia me proporcionado aquela sensação tão prazerosa, mas ao mesmo tempo tão pura.
E foi nesse momento que eu percebi.
Percebi que estava pronta. Percebi que tinha que ser ele. Percebi que se era para ser, seria ali.
- Eu quero você, Kurt. - falei ofegante, após partir o beijo.
- Você tem certeza ? - ele perguntou carinhoso, tocando meu rosto e deixando seu polegar em meus lábios.
- Nunca tive tanta certeza de algo antes.
Voltamos a nos beijar, calmamente dessa vez. Sentindo o gosto um do outro, apreciando o momento. Ele foi descendo os beijos para meu queixo, meu pescoço, meu colo descoberto pelo branco que usava. Kurt continuava a fazer isso, enquanto suas mãos levantavam delicadamente o meu vestido e percorria minha coxa, até chegar à barra de minha calcinha.
Dei uma pausa na sua tortura e fui abrindo sua camisa xadrez, botão por botão. Cada botão aberto equivalia a um beijinho meu, ele se arrepiava toda vez que eu fazia isso e eu adorava ver explícito o desejo que eu causava nele. Tirei sua camisa, quando terminei de fazer isso e lhe dei um beijo. Um beijo ardente, rápido, intenso que revelava todas as nossas segundas, terceiras, quartas intenções. Kurt foi me levando até onde estava o colchão e quando eu notei, ele só estava de boxer.
Dei um sorrisinho malicioso, igual ao que estava rosto dele, quando o Kurt começou a abrir o fecho frontal do vestido.
Agradeci mentalmente por ter desistido da ideia de usar a minha calcinha da Hello Kitty rosa e nenhum sutiã, para estreiar o meu novo conjunto de renda rosa bebê - com sutião sem alça e de bojo - da Vitoria's Secret.
- Você me enlouquece, garota. - ele disse, após morder meus lábios.
- Que coincidência, né.
Beijo intenso, respiração ofegante, desejo latente.
Suas mãos abriram meu sutiã em uma facilidade tremenda e a minha vergonha foi para o espaço quando senti seus lábios nos meus seios. Era diferente, era bom.
Ele foi me deitando naquela cama improvisada, enquanto puxava minha calcinha. Com a boca.
Recebi alguns beijinhos na minha virilia, no meu umbigo e no meu queixo, antes de tirar sua boxer. Ele me provocava muito, me beijava, acariciava meus seus, fazia carinho em minha intimidade. Enquanto tudo o que eu sabia fazer, era arranhar suas costas.
Era a minha primeira vez, eu não sabia o que fazer, aonde tocar e isso me deixava apreensiva.
- Se eu te machucar me diz que eu paro. - ele falou carinhoso, olhando em meus olhos.
Não respondi nada, meu corpo pedia pelo dele, implorava por aquilo.
Após ter colocado a camisinha, Kurt se posicionou no meio das minhas pernas e começou a me penetrar. A dor que eu senti, me fez moder meus lábios e arranhar suas costas, mas eu não iria pará-lo. Ele continuava com os movimentos suaves e a dor continuava ali, mas a dor aos poucos foi sendo substituída por um prazer indescritível. Quando dei por mim, já estava murmurando seu nome em seu ouvido, o fazendo arrepiar. Eu deixava me levar pela sensação de prazer e pedia para ele ir mais rápido. Kurt pegou minhas mãos que estava - agora - apertando os lençois e as entrelaçou com as suas em cima de minha cabeça, acelerando o ritmo e a intensidade das estocadas.
Que se dane a dor que eu estou sentindo agora, que se dane a dor que eu vou sentir amanhã.
Eu estava gostando e não queria que ele parasse, eu pedia para ele não parar.
Nós dois chegamos ao ápice juntos, ofegantes e com sorrisos cansados no rosto. Meu corpo estava dominado por uma satisfação que eu nunca havia sentido antes, que eu nunca pensei ser capaz de sentir.
Ele tirou a camisinha e se deitou ao meu lado, fazendo com que o meu nariz enconstasse no dele.
- Eu te amo, minha linda. - ele falou ainda ofegante.
- Eu amo você, para sempre.
Dormimos de conchinha, a respiração do Kurt batia em meu pescoço e eu me recordava de cada momento da minha primeira vez.
Era impossível descrever o que eu estava sentindo naquele momento, era um misto das mais diversas emoções.
Olhei através da pequena janela de vidro que tinha no alto de uma das paredes e vi algo que não esperava ver.
Neve americana.
De verdade.
"Boa viagem, vou contar os dias para te ter de volta. Dizer que te amo já não é mais necessário, Kurt"
Sorri após ler essa mensagem e por um momento eu esqueci o que estava acontecendo ao meu redor e da pequena dor que eu ainda sentia.
- Você e o Kurt, o quê ? - meu irmão perguntou de novo.
- Ah, para Luc. Você entendeu. - falei um pouco envergonhada.
Nós estávamos no aeroporto, esperando a nossa vez de embarcar. A maioria dos voos estão atrasados por culpa da neve.
Então aqui estou eu, sentado no chão de um aeroporto qualquer, contando sobre a minha primeira experiência sexual para o meu irmão. I-R-M-Ã-O.
- Eu já sabia que isso ia acontecer, você não tinha nenhuma intenção de virar freira. - ele deu de ombros, divertido - Só não entendi o porquê de você ficar com vergonha de mim. Fala sério, gordinha. Eu sou seu irmão. - ele revirou os olhos e bagunçou meu cabelo.
- Por isso mesmo, você é meu irmão. - ele deu de ombros mais uma vez - Garotas não deveriam contar sobre a sua primeira vez para seus irmãos. É coisa que se conta para amiga. - sussurrei em seu ouvido.
- Juro que eu pensei que você iria querer se casar virgem.
- Eu também. - a Paula, que até agora estava quieta, falou. Ela soube antes, junto com as meninas.
- Não tenho nada contra alguém que quer se casar virgem. Adimito que pensei nisso durante um bom tempo, mas eu encontrei a pessoa perfeita pra mim antes, deu vontade de fazer antes, então eu fiz.
- O Kurt é bom de cama, fofinha ? - Paula perguntou.
- Muito. - eu respondi, fazendo uma cara safada, só para irritar meu irmão. É claro que eu já havia pessado por todo esse interrogatório em casa.
- Não abusa, não quero saber como foi a primeira noite de tesão da minha irmã. Sou legal, mas nem tanto. - Luc levantou, deixando uma Bia e uma Paula risonhas para trás.
Depois de quase uma hora esperando a chamada, vinte minutos no chek in e mais quarenta minutos esperando o voo decolar, eu pude finalmente colocar os fones do meu Ipod no ouvido e tentar dormir.
Não sei quanto tempo durou aquele cochilo, mas a bateria do Ipod acabou e eu acordei.
Quer dizer, acordei, mas permaneci de olhos fechados.
- Ela está dormindo ? - escutei a Paula perguntar.
- Aham. Aposto que ela só vai acordar quando a gente chegar. - meu irmão respondeu.
- Que bom. - ela suspirou - Sabe, Luc, eu não poderia falar isso na frente da Bia, porque ela ficaria chateada comigo, mas... Você realmente está me irritando com essa super-proteção. Já se passaram dois meses.
- Um e meio. - Luc a interrompeu.
- Tanto faz. - eu estava de olhos fechados, mas podia jurar que ela havia revirado os olhos - Eu só queria que você parasse de me tratar como uma criança.
- Eu gosto de você, Paula. - ele falou, para a minha surpresa.
- Eu também gosto de você, Luc. Muito.
Houve um silêncio, longo, até que eu escutei a voz da Paula de novo. Em um tom cuidadoso.
- Se a gente se gosta... Então por que a gente não está junto ?
- Eu nunca passei por isso. - meu irmão respondeu sincero - Eu não sei o que fazer, como agir. Eu gosto de você, mas não quero te magoar. Eu não quero te ver chorar e saber que foi culpa minha.
- Se eu tiver que chorar, eu vou chorar escondido. - ela riu e ele também.
- Eu nem sei como ter isso. - Luc.
- Isso o quê ? - ela perguntou com um tom de voz confuso.
- Isso que vocês mulheres tanto prezam e chamam de relacionamento. - ele respondeu com um longo tom de deboche.
- Vou fingir que não ouvi isso, Luc.
- Mas é sério, Paula. Eu não sei o que é ser um namorado ideal. Eu não sou desse tipo, só gostei de duas meninas antes de você e as duas me deixaram mal. - ele suspirou - Foi uma escolha minha, eu acho.
- Qual escolha ? De magoar as mulheres antes que elas magoem você ? - ela disse irônica.
- Provavelmente.
- Olha só, Luc. Tudo nessa vida é questão de escolha e de coragem. Você vai se machucar, vai se arrepender, mas no fim, você vai encontrar alguém que faça com que isso tudo valha a pena. Se você não se arriscar não vai nunca saber o quanto é bom ter alguém ao seu lado, te amando, cuidando de você, querendo te ver feliz independente de tudo. Entende ?
- Mas eu tenho a Bia ao meu lado, me amando, cuidando de mim, querendo me ver feliz independente de tudo. Isso foi o bastante até agora, então vai ser o bastante para sempre também.
- Mas ela não vai ficar ao seu lado para sempre, vai ? - ele ficou quieto e a Paula continuou - Ela vai se casar um dia, ter a família dela e, por mais que ela te ame mais que tudo e todos nessa vida, ela vai ter outras prioridades em algum momento. Vocês são irmãos, não almas gêmeas que não vivem longe um do outro. - apertei meus olhos, tentando impedi-los de lacrimejar. Ela estava certa, apesar de tudo.
- Eu sei, mas tenta me entender, criatura. Isso tudo é muito novo, eu não sei o que fazer.
- O garanhão Luc Almeida não sabendo o que fazer ? Isso é novidade.
- Também é novidade o garanhão Luc Almeida estar apaixonado. Eu nunca me apaixono e olha como estou. - ele bufou - Discutindo uma relação que ainda nem começou e com medo de magoar a menina que gosta de mim.
- Porque você também gosta dela.
- Olha, Paula. - o tom de voz do meu irmão agora estava um pouco mais sério - Vamos com calma, tá ? - ele pediu.
Ela não respondeu nada, o que eu estranhei. Eles ficaram quietos por alguns instantes, até que eu comecei a ouvir barulho de beijo. Respirei fundo, três vezes, e fui abrindo meus olhos lentamente para constatar o que eu já sabia.
Eles estavam se beijando.
E eu teria achado isso tão fofo e lindo, se eles não estivessem esperado a minha pessoa ir dormir para ter essa conversa e fazer o que estão fazendo. Qual é, nem sou tão chata assim. E sim, eu estou ignorando aquele lance chatíssimo - quando não é comigo - de privacidade.
Esperei sete minutos cravados, contados no meu relógio CH e deixei minha indignação tomar conta de mim e interromper aquele momento tão esperado por ambos.
- NÃO ACREDITO QUE VOCÊS ESPERARAM EU DORMIR PARA FAZEREM ISSO !
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